Olho hoje para o infinito desta escuridão que absorve inteiro neste cenário bucólico e silencioso. É nesta terra que me deito na relva e olho o céu nocturno em busca de respostas a perguntas retóricas que profiro, numa vã busca pela razão de ser dos máximos e mínimos numa Vida igual a tantas outras: A minha!
É incrível como uma terra de planícies, com perto de meia dúzia quilómetros até à civilização mais próxima, sem qualquer distracção a não ser o barulho das criaturas da noite, do miar de gatos e ladrar ocasional de um ou outro cachorro, me leva numa viagem introspectiva. Os barulhos calmantes da interacção da atmosfera com a flora também contribuem, vulgo o vento a passar nas folhas de choupeiros e chorões, a água a correr entre azedas, margaridas, rosas e girassóis de jardim… Revejo-me neste local e estado sempre que preciso, sempre que um pouco de solidão ajuda a colocar dúvidas no sitio certo e a colocar as respostas na linha de espera (que no fundo não quero saber).
Olho para as estrelas numa visão pseudo-romântica e cismo sobre a ironia de alguns factos da minha vivência: aparecem pensamentos como “És um pouco estúpido sabias?” ou “Deixa estar… O teu futuro está repleto de surpresas agradáveis! Não te preocupes, tudo ficará melhor que agora”, ou “Era bom demais para ser para ti não era?”, ou “Porra! Seria melhor deixares-te dessas m€rd@s! Get a grip on yourself man!”, ou mesmo pego em algumas lições de outrora e tento associar todas mais um punhado de pensamentos de sábios e filósofos falecidos numa única chave-mestra que me tire deste entorpecimento parvo.
“Se tu choras por ter perdido o sol, as lágrimas impedir-te-ão de ver as estrelas.” Seria o que Saint-Exupérie me diria se estivesse vivo e se me conhecesse pessoalmente… Mas, oh que porra! As estrelas vejo eu muito bem! A vias láctea e umas duas galáxias a mais a olho nú, as constelações que não me lembro do nome mas que me divirto a ver a sua forma e baptiza-las de novo… Portanto a so called “razão” diz-me que não estou assim tão mal! Por outro lado também não estou bem… :X
Tento sorrir à musa a ver se ela me responde.
Nada… Nada?… Ah… está ocupada. Faz ela muito bem. Faltam é as minhas respostas. Mas se calhar estou a ser demasiado egoísta até mesmo nesta diarreia mental que me absorve agora.
Parou a rima então… parou por instantes o coração… Parou por instantes a emoção que me guiou a razão… Mas isto é rimar! Oh Meu Deus! A rima prometeu comigo sempre estar! Agora não tenho como lhe escapar!… Estarei louco?…
Fiquem descansados… Apenas estou um pouco introspectivo, mas não louco, nem tão pouco sem a razão ou a emoção… Vocês não têm culpa destas diarreias mentais, no entanto, algum acabou por ler até aqui. Lamento.
No fundo, isto é mesmo falta de férias. E falta de algum calor! A noite já está a arrefecer demais para ficar aqui sem manta ou uma bebida quente, e também não me está a apetecer ir buscar nenhum deles. Vou para dentro e preparar-me para voltar à cidade que me me acolheu nos seus braços frios e cruéis da distância e da indiferença ao retorno de mais um habitante.
Bem hajam.
3 comentários:
Cheguei ao último ponto final.
Neste momento ainda não consigo comentar nada... darei esse espaço de tempo de que preciso para conseguir escrever alguma coisa que, depois disto, mereça ser lida...
Tás à vontade! Não tou a ver nada que possas escrever que não mereça a minha atenção. Até porque eu tou num estado em que me posso agarrar a qualquer comentário.
Obrigado. Mas admite lá, foi diarreia mental n foi? =)
eheheheh
Abraços!
Queres que seja sincero?
Se é diarreia mental, então que tenhas um distúrbio intestinal no cérebro de todas as vezes que eu entrar na tua inefável vida.
Digo isto porque gostei mesmo...
Segui o que li e fui-me pôr também deitado debaixo das estrelas e da lua que começa a encolher...
Depois deixei-me guiar por pensamentos alheios e, talvez por ter sido este um dia estranho, não me ocorreram pensamentos assim tão diferentes dos teus.
Os motivos podem certamente ser outros mas as divagações são as mesmas...
Pode parecer estúpido mas depois, ao voltar a entrar em casa, ainda
sorri.
Estarei eu a sofrer de outra tal diarreia mental?
Tal como escreveste em relação à música, o mesmo digo eu em relação ao que escreveste... é a capacidade do que é feito com intenção de nos fazer pensar e sentir que faz com que realmente a arte exista...a arte das palavras que nos fazem pensar. Por isso não vou para de ouvir música e tu não vais parar de escrever.
Não sei se te deva agradecer...não o vou fazer, mas li este texto no momento certo...e isso fez-me bem.
=P
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