Um dia voltei-me para ela,
E pedi-lhe que pisasse o areal
Ao meu lado. Esquecemos a singela
Inevitabilidade do tempo, sem mal,
Sem preocupação do que virá,
Do que na próxima esquina estará
Para nós, felicidade ou tristeza.
Apenas uma leve ligeireza
De dois que se sentem apenas um:
Duas pegadas, uma direcção.
"...Pega a minha mão..."
Faço hoje de mim um contador
De histórias que vivo
Sem ressentimentos ou dor,
Sem necessidade de ter crivo
Que me cale ou que omita
O que vivi de verdade.
Ela é em mim cidade...
Sei que ela me ouve
Com um sorriso cúmplice
De quem não o viveu mas respira
De novo, como quem nela vive,
Alimenta e ilumina!
Mas ali n'aquele areal,
Terra sem qualquer foral,
Ao som da música da nossa voz
Compassado com as ondas do mar,
Fazendo os nossos corações uma grande foz
De quem sente verdadeiramente o verbo "Amar"...
Eu também sinto as histórias dela,
Também sou cidade,
Também lhe sou cúmplice,
Também sou sua estrela,
Também sou realidade desejada!
"Sentes a areia nos teus dedos?"
Sentes a brisa quente do meu abraço?
Sentes a força deste meu estreito laço?
Hoje, as histórias somos nós!
Voto meu será que assim possa continuar a ser…