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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Um café!

Olho de frente ao Sol acanhado
Nesta época incerta.
Sinto o quente da cidade aberta
E a calçada sob pés, sem peso carregado.

Sorrio ao Fernando Pessoa
Enquanto um acordeão ressoa
Neste Chiado de gente alegrada,
Não reparando na vagabunda abandonada
Num canto... Sem nada...
Resolvi fazer-lhe o Sol mais quente!
Dou-lhe uma oferta bem presente!...

Sorrio de novo pois vejo outro sorriso!
Já tenho companhia, Atrasada,
Mas do café bem lembrada!
Subindo a calçada, vejo o destino com aviso.
É-me familiar!
D'aqui pareço conseguir voar...!

Deixo uma vénia à linda vista e
Pesquiso algo para beber na lista...
"Um café!" Disse-me... Mas escolhi
Um suave, enebriante, tónico, gin.
Riu-se graciosa! A vista inspirava
Sentimentos desta Cidade,
Bebendo planos com vontade,
Sabendo eu que não me desprezava.

A azáfama do rio reflecte-me na face
O brilho do dia, desejando que não passe
De um breve momento...
Desejei-me num novo alento,
Nos cabelos em tímido vento
Do calor de um sorriso presente,
No meu coração ainda ausente.

Palavras, frases, artes pintadas
Na imaginação colorida,
Mais que fotografia nesta Vida
Em telhados de casas sobre o rio debruçadas!

"Um café!" para terminar...
Qual hora para sonhar!
Estou relutante para acordar,
Mas é hora de a deixar voar.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Minha Cidade

Colinas da minha gente
Ondulantes no meu pensamento
A toda a hora sempre diferente,
Mas nunca no sentimento!

Colinas cruéis da Cidade,
Fazem-me só, abandonado
À tua mercê na Noite encantada...
Tivesse eu perdoado a verdade
Que me dás, não me teria revoltado!

Sinto a tua brisa, pelas ruas, ecoada,
Sinto as tuas gentes, os teus perfumes doces,
Os teus caprixos de cidade amada...
Como se minha sempre fosses
A Cidade do meu pensamento,
A inspiração que vem de dentro
Do meu rio de provações...
Meras recordações...

Minha Cidade,
Meu tormento...
Singela na verdade,
Arrebatadora neste momento...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Grito!

A plenos pulmões
Eu grito a minha insatisfação,
Eu choro a minh'alma aos leões
Que me rasgam o coração!...
Grito a minha desilusão,
Agrilhoada ao meu pensamento
Perdido neste momento
De busca da sensação...

Sinto o frio que me consome
Em memórias bem vivas
De histórias perdidas
De quando tinha fome
De viver em felicidade,
Renegando a dura verdade
Que o fogo permitiu!
...O Amor que se sumiu,
Que o tempo cruelmente devora!

Grito de raiva acumulada!
Grito à felicidade negada!
Bebo como embriegado
A vivência do passado!!!
Grito ao presente
Esperando o futuro eminente!

Grito à rima ocultando
Este vergonhoso pranto...

Grito! Grito!!!
Grito ao ódio que não quero!
Torna-me monstro no desespero
De ser certamente feliz!...

domingo, 16 de novembro de 2008

Inevitalvemente

Vida minha a meio gás,
Olho para a encruzilhada
Que à minha frente jaz,
Desafiante, complicada...

Arrepio-me na indecisão
De escolher o sentido
Que me pede o coração!
Porquê este futuro indefinido?

Quero avançar e sentir
A brisa do mar bravio
Que me arrebata no desafio
De poder voltar a rir!
Sentir a areia molhada
Nos meus dedos cansados,
Lembrando tentos passados,
Mas pedindo a felicidade alada!

Inevitavelmente virá...
Sem saber o que de vai ser mim...
A encruzilhada passado será.
Terei de dar um passo no fim!

Inevitavelmente feliz!
Sempre com a memória
De tudo o que já fiz,
Como se tratasse de uma pequena glória.

Certamente...
Com esperança.
Esperando a bonança.
Inevitalmente!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Noite Fria...

Noite especialmente fria...
Lua escondida na penumbra
Da escuridão de peito ferido...
Chorando o que mais queria,
Sinto a negritude desta sombra
Negando-me esse pedido...

A lágrima gelou-me o coração...
Veio à memória a imagem
Desvanecida de um redondo "Não"
...Tão longe... como uma aragem
Tão gelada que arrepia a Noite...

Olho para os seres da rua,
Impávidos perante esta dor.
A noite é fria mas é sua
No seu direito à neutra cor.
Treme de frio, toda esta flora?
O que sentem nesta hora?

Volto para o meu reino perdido
Lembrando o teclado polido
Do piano junto de um choroso girassol...
"É linda a música" disse, terminando em sol,
"É para ti" e jurei exclusividade...
Ó triste e dolorosa verdade!
Apertas-me o coração em pedra!
Deixas a minha alma em queda!

Hoje é a solidão que me pede atenção.
Já não há bater de coração...
Não há girassol colorido...
Apenas um sentimento perdido...

Noite fria que é esta...
Leva esta pedra que me resta!...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Piano

Branco e negro, brilhantes,
Na minha alma de pseudo-artista,
Dos meus pensamentos divagantes,
Disfarçando o romancista
Que não quero ser...

Escolho a escala adequada
A mais um novo renascer.
Um dó, um ré, outra nota indicada...
Correspondes ao som que quero?
Ajudas-me no fado que venero?

Piano, Pianíssimo...
Forte, Fortíssimo!
"Alegro vivace" nos meus dedos
Cariciando sem medos
O teu geométrico corpo polido
Das muitas músicas que já tens vivido...
Das que já choraste lágrimas sonoras
Da amargura que te dou.
Já gritaste imagens que devoras
Em notas, arpejos, dedos em pleno voo

Desculpa meu Amigo...
Deixei-te abandonado tempo cruel...
Olhei mais para o meu umbigo
Do que para o bom que me dás como mel
Doce! Suave! Reconfortante... Meu abrigo.

Entrego-te minhas mãos e dedos
Em Sonatas, Tocatas, Romantismo
Francês e Russo e Jazz, contra os penedos
(Concerteza um eufemismo!)
Que são muitos corações em degredos!

A minha Musa guia-me na escuridão
Encontro as tuas teclas exigindo ser tocadas
Não querendo menos do que serem amadas.
Querem que eu toque directo do coração...

Heis aqui a minha mão
Meu Piano...