Olho de frente ao Sol acanhado
Nesta época incerta.
Sinto o quente da cidade aberta
E a calçada sob pés, sem peso carregado.
Sorrio ao Fernando Pessoa
Enquanto um acordeão ressoa
Neste Chiado de gente alegrada,
Não reparando na vagabunda abandonada
Num canto... Sem nada...
Resolvi fazer-lhe o Sol mais quente!
Dou-lhe uma oferta bem presente!...
Sorrio de novo pois vejo outro sorriso!
Já tenho companhia, Atrasada,
Mas do café bem lembrada!
Subindo a calçada, vejo o destino com aviso.
É-me familiar!
D'aqui pareço conseguir voar...!
Deixo uma vénia à linda vista e
Pesquiso algo para beber na lista...
"Um café!" Disse-me... Mas escolhi
Um suave, enebriante, tónico, gin.
Riu-se graciosa! A vista inspirava
Sentimentos desta Cidade,
Bebendo planos com vontade,
Sabendo eu que não me desprezava.
A azáfama do rio reflecte-me na face
O brilho do dia, desejando que não passe
De um breve momento...
Desejei-me num novo alento,
Nos cabelos em tímido vento
Do calor de um sorriso presente,
No meu coração ainda ausente.
Palavras, frases, artes pintadas
Na imaginação colorida,
Mais que fotografia nesta Vida
Em telhados de casas sobre o rio debruçadas!
"Um café!" para terminar...
Qual hora para sonhar!
Estou relutante para acordar,
Mas é hora de a deixar voar.
Primeiro Natal celebrado em Londres
Há 10 meses
2 comentários:
comentar? comentar isto é impossivel, é preciso la estar, para ver, e deixar voar.
Obrigada por esse "café" ;)
cá vai mais um... não resisti...
"...Ó céu azul-o mesmo da minha infância-
Eterna verdade Vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!
Ó Mágoa revisitada, Lisboa de outrora e de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que me sinta..." Álvaro de Campos
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