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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Tango cancion


Corpo a corpo suado,
Em ritmo quente dançado
Com a singela coordenação
Da cumplicidade do coração,
Dedos com dedos!
Peito contra peito!
Passos sem segredos
Em trajes a preceito!

Sente-se o som no ar
Rompendo a pele num arrepiar,
De emoções imaginadas
Em duros e repentinos olhares,
Em ríspidos passos certos
No palco, tornando-se belos!
Sentindo o furor da paixão,
Pede o Amor com estalo de mão,
Fugindo às pernas da sensualidade
Como quem prefere brutalidade
No sentir fugaz da proíbida dança...
Ah! Doce e cruel esperança
De quem guia a melodia,
Nos olhos da submissa que se não cansa
Da canção brutal até o raiar do dia!
Tango, Paixão, Furor
Fogo intenso de quem dança a dor!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Movimento perpétuo

Ciclo a ciclo, neste movimento
Eterno ao sabor da Vida, julgou
Ele saber que o sofrimento,
Alegria, e sublimes conceitos que amou
No quotidiano das horas passadas,
Não eram mais que passagens
E estradas que são agora ignoradas
No sentido que leva o tempo em viagens,
personagens e contos de fadas.

Porque a vida é feita de emoções,
Onde aparecem sempre ladrões
Que nos levam o mais precioso
No movimento perpétuo deste Rio, cioso
Do ritmo que marca a cadência
Da Vida! Julgou ele saber que intransigência
É adjectivo daquilo que se vive...
Julgou ele, esta ser a concreta ciência
Da predestinação do que não viveu...
Pensa que viverá o que ainda não morreu

O ciclo eventualmente recomeça
No drama de uma nova peça...
Ele julga que não o é...
"É tudo uma questão de fé!"
Repete consigo, iludindo a austeridade
Do tempo que não espera
Que ele repare na gélida Verdade
Do movimento perpetuado na boca da Fera!

Oh cega estupidez!
Ele julga que a Vida não se repete,
Quando tal é, nos erros que comete!
Dura, insensível e estúpida lucidez...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Silêncio

No silêncio da minha mente,
No silêncio da minha alma,
Procuro a paz inerente
A um imaginado Mundo de calma...

No silêncio das palavras escritas,
Na sensação das frases já ditas
Em silêncio no meu coração
Chamando a necessária razão,
Para arrumar as minhas preocupações
Em local pacífico sem confusões...

Pocuro o silêncio no meu pensamento
Esperando o dia seguinte e inevitável,
Sentindo todo o inesquecível e inefável e
Esquecendo o que nos dói no sentimento...
Paz de espírito... Silêncio...

Escondo-me momentâneamente
Dos olhos a quem não sou indeferente...
Sujeito-me ao silêncio inquietante
Esperançando que não passe de um instante
No que me aflige, corrói e magoa
Tento no silêncio esquecer
O que cá dentro dói e ressoa!

Que me resta, senão no silêncio adormecer
Para amanhã acordar e de novo renascer!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Caverna

"Há luz à saida da caverna"
Dizem-me em tom
De experiência, como lanterna
De alguém que tem um dom.


Julgo saber o abstracto
Do sentido da Vida
Assumindo o facto
De uma vivência merecida.
Apoio-me em filósofos falecidos
E mentes brilhantes,
Ditando-me pensamentos exultantes
De factos sublimes, indefinidos
Na realidade que é minha:
Única, inefável, graciosa,
Sentida, mas que agora definha...

Obstáculos, muros mentais,
Preconceitos e suas mentes muito iguais,
Gente que critica para desmoralizar,
Outras atitudes que deixam muito a desejar...
Tudo isto faz parte do meu Mundo,
Tudo isto me deixa invariavelmente mudo!
Mudo, pois o espanto é demasiado,
Deixam-me malogrado...

Refugio-me numa cova
Esperando uma prova
De que vale a pena sair e enfrentar
A luz que tanto me quer condenar!
A caverna tornou-se gélida
Ao meu coração jovem e ousado,
Deram-me transparência pérfida
Aos olhos de quem é justificado
Pela insensatez de não sentir!
Imposição pela sociedade que evita rir,
Chorar, partilhar...

Pudesse eu mostar esta caverna...
Pudesse eu iluminar as paredes escritas
Aos demais que fecham os olhos na claridade,
Abrindo os olhos à palavra eterna
Que eu busco na dura Verdade
Da Vida... Cousas já sentidas e ditas...
Outras que me restam viver...
Porventura será no dia que sair
Desta caverna, que irei sentir
Nos olhos a Luz que me deixaria realmente ver!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Cidade encantada


Cidade saudosa de muitos corações,
És desejada, amada e odiada...
Cidade em sentimentos conturbada,
Cheia de tantos pessoais serões
À sombra da tua fama de cidade
Poeta, terra de mentira sobre a verdade!
És tu ó cidade que na minh'alma
Tocas como dedos em guitarra chorosa,
Cantando odes e rimas sobre a calma
Que não me dás de mão beijada e copiosa,
Mas depois, dás-me um estalo no corpo sofrido,
Lembrando a tua frieza de Musa amada,
Arrastando-me pela calçada já rendido
Ao orgulho de cidade eternamente desejada!
Tuas Mãos nas minhas,
Teus olhos nos meus...
A tua boca diz doces adivinhas
Que os meus dedos calam por Deus!
És obra dos seus acasos certamente!
Tão perfeita obra de contrastes
Só podia ser a minha Cidade irreverente!
Tua voz canta como rio tremido
Nas tuas noites encantadas
Ao choro dos fadistas, um gemido
De tágides extasiadas!
A tua indiferença magoa-me cá dentro...
Mas a tua beleza deixa-me no firmamento!

Conto de Fadas


A bela Borboleta encontra refúgio
Na vistosa Orquídea negra,
Cujo jocoso e livre subterfúgio
Imagina a felicidade reinventada.
Tornou-se fortaleza de sentimentos
Impedindo a borboleta de voar
Em contos de fadas, sem verbo amar,
Sem verdade merecida de verdadeiros alentos...

Jaz aqui este conto de fadas
Enterrado em palavras ignoradas!
Sente-se o frio da felicidade cínica,
Uma verdadeira alma anímica
Desprovida de emoções,
Entretem de alguns corações...

Tira essa máscara de bela flor!
Mostra quem tu és com dor
Expiando teus pecados
Sem medo de enfrentares teus fados!
... Deixa essa abstracta borboleta
Voar em doce felicidade certa!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Um café!

Olho de frente ao Sol acanhado
Nesta época incerta.
Sinto o quente da cidade aberta
E a calçada sob pés, sem peso carregado.

Sorrio ao Fernando Pessoa
Enquanto um acordeão ressoa
Neste Chiado de gente alegrada,
Não reparando na vagabunda abandonada
Num canto... Sem nada...
Resolvi fazer-lhe o Sol mais quente!
Dou-lhe uma oferta bem presente!...

Sorrio de novo pois vejo outro sorriso!
Já tenho companhia, Atrasada,
Mas do café bem lembrada!
Subindo a calçada, vejo o destino com aviso.
É-me familiar!
D'aqui pareço conseguir voar...!

Deixo uma vénia à linda vista e
Pesquiso algo para beber na lista...
"Um café!" Disse-me... Mas escolhi
Um suave, enebriante, tónico, gin.
Riu-se graciosa! A vista inspirava
Sentimentos desta Cidade,
Bebendo planos com vontade,
Sabendo eu que não me desprezava.

A azáfama do rio reflecte-me na face
O brilho do dia, desejando que não passe
De um breve momento...
Desejei-me num novo alento,
Nos cabelos em tímido vento
Do calor de um sorriso presente,
No meu coração ainda ausente.

Palavras, frases, artes pintadas
Na imaginação colorida,
Mais que fotografia nesta Vida
Em telhados de casas sobre o rio debruçadas!

"Um café!" para terminar...
Qual hora para sonhar!
Estou relutante para acordar,
Mas é hora de a deixar voar.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Minha Cidade

Colinas da minha gente
Ondulantes no meu pensamento
A toda a hora sempre diferente,
Mas nunca no sentimento!

Colinas cruéis da Cidade,
Fazem-me só, abandonado
À tua mercê na Noite encantada...
Tivesse eu perdoado a verdade
Que me dás, não me teria revoltado!

Sinto a tua brisa, pelas ruas, ecoada,
Sinto as tuas gentes, os teus perfumes doces,
Os teus caprixos de cidade amada...
Como se minha sempre fosses
A Cidade do meu pensamento,
A inspiração que vem de dentro
Do meu rio de provações...
Meras recordações...

Minha Cidade,
Meu tormento...
Singela na verdade,
Arrebatadora neste momento...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Grito!

A plenos pulmões
Eu grito a minha insatisfação,
Eu choro a minh'alma aos leões
Que me rasgam o coração!...
Grito a minha desilusão,
Agrilhoada ao meu pensamento
Perdido neste momento
De busca da sensação...

Sinto o frio que me consome
Em memórias bem vivas
De histórias perdidas
De quando tinha fome
De viver em felicidade,
Renegando a dura verdade
Que o fogo permitiu!
...O Amor que se sumiu,
Que o tempo cruelmente devora!

Grito de raiva acumulada!
Grito à felicidade negada!
Bebo como embriegado
A vivência do passado!!!
Grito ao presente
Esperando o futuro eminente!

Grito à rima ocultando
Este vergonhoso pranto...

Grito! Grito!!!
Grito ao ódio que não quero!
Torna-me monstro no desespero
De ser certamente feliz!...

domingo, 16 de novembro de 2008

Inevitalvemente

Vida minha a meio gás,
Olho para a encruzilhada
Que à minha frente jaz,
Desafiante, complicada...

Arrepio-me na indecisão
De escolher o sentido
Que me pede o coração!
Porquê este futuro indefinido?

Quero avançar e sentir
A brisa do mar bravio
Que me arrebata no desafio
De poder voltar a rir!
Sentir a areia molhada
Nos meus dedos cansados,
Lembrando tentos passados,
Mas pedindo a felicidade alada!

Inevitavelmente virá...
Sem saber o que de vai ser mim...
A encruzilhada passado será.
Terei de dar um passo no fim!

Inevitavelmente feliz!
Sempre com a memória
De tudo o que já fiz,
Como se tratasse de uma pequena glória.

Certamente...
Com esperança.
Esperando a bonança.
Inevitalmente!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Noite Fria...

Noite especialmente fria...
Lua escondida na penumbra
Da escuridão de peito ferido...
Chorando o que mais queria,
Sinto a negritude desta sombra
Negando-me esse pedido...

A lágrima gelou-me o coração...
Veio à memória a imagem
Desvanecida de um redondo "Não"
...Tão longe... como uma aragem
Tão gelada que arrepia a Noite...

Olho para os seres da rua,
Impávidos perante esta dor.
A noite é fria mas é sua
No seu direito à neutra cor.
Treme de frio, toda esta flora?
O que sentem nesta hora?

Volto para o meu reino perdido
Lembrando o teclado polido
Do piano junto de um choroso girassol...
"É linda a música" disse, terminando em sol,
"É para ti" e jurei exclusividade...
Ó triste e dolorosa verdade!
Apertas-me o coração em pedra!
Deixas a minha alma em queda!

Hoje é a solidão que me pede atenção.
Já não há bater de coração...
Não há girassol colorido...
Apenas um sentimento perdido...

Noite fria que é esta...
Leva esta pedra que me resta!...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Piano

Branco e negro, brilhantes,
Na minha alma de pseudo-artista,
Dos meus pensamentos divagantes,
Disfarçando o romancista
Que não quero ser...

Escolho a escala adequada
A mais um novo renascer.
Um dó, um ré, outra nota indicada...
Correspondes ao som que quero?
Ajudas-me no fado que venero?

Piano, Pianíssimo...
Forte, Fortíssimo!
"Alegro vivace" nos meus dedos
Cariciando sem medos
O teu geométrico corpo polido
Das muitas músicas que já tens vivido...
Das que já choraste lágrimas sonoras
Da amargura que te dou.
Já gritaste imagens que devoras
Em notas, arpejos, dedos em pleno voo

Desculpa meu Amigo...
Deixei-te abandonado tempo cruel...
Olhei mais para o meu umbigo
Do que para o bom que me dás como mel
Doce! Suave! Reconfortante... Meu abrigo.

Entrego-te minhas mãos e dedos
Em Sonatas, Tocatas, Romantismo
Francês e Russo e Jazz, contra os penedos
(Concerteza um eufemismo!)
Que são muitos corações em degredos!

A minha Musa guia-me na escuridão
Encontro as tuas teclas exigindo ser tocadas
Não querendo menos do que serem amadas.
Querem que eu toque directo do coração...

Heis aqui a minha mão
Meu Piano...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Alentejo

Colinas doces, suaves
Ao toque das planícies
Pacíficas que tu fazes
Em gestos de brisas gentis,
Afagando a imensidão
Dessa terra que habita
Docemente no teu coração

Passo os dedos da tua mão,
Como quem não hesita,
Na flora dourada, outrora
Viçosa. Vida que o Sol roubou!

E nesta hora em que o tempo voou,
Ao sentires as palavras que te dou,
Musa és, nos teus olhos és Alentejo.
Mostras o Amor dessa terra,
Tão grande que eu vejo
E sinto como um doce e terno beijo.

domingo, 26 de outubro de 2008

Horas, Dias, Noites

Horas da minha vivência
Sempre numa doce sequência
De Felicidade e Tristeza,
Renegando a certeza
De horas bem passadas,
De tristezas bem renegadas.

Dias de confusão de quem espera
O que poderá vir do coração
E que inevitavelmente não vem.
Sabemos infelizmente o que já não se tem.
No fim só nos fica um pouco de emoção...

Noites solitárias de escuro intermitente
Nesta cidade onde tudo parece que mente,
Enganado-nos no sentir profundamente
Do que provavelmente amamos
No sono das felicidades que sonhamos

Mas as horas destes presentes dias,
Levam-me na ilusão não certa
Do que ontem decerto sentias
Mas que nesta noite o coração aperta...

domingo, 19 de outubro de 2008

Musa

Onde estás tu Musa minha?
Onde está esse tão bom sal
Que me faz sentir que tudo vale
A pena nesta agridoce Vida?

Para onde vais? Leva-me contigo
Senão tristemente aqui fico
Esmorecido, caído, perdido!...
Sem palavras, rimas ou poemas...
...um corpo sentido apenas.

Vida um dia de cada vez!
Quem já não o faz ou o fez?
A Musa não será sempre garantida,
A Liberdade assim o dita,
Pois ela é linda na sua inefabilidade,
Mas não na sua constância.

Digo-vos! É bem verdade:
Momentos de Dor e Distância
Dão valor aos de Felicidade
Amor e Sobrevivência.

Musa saudosa...
Espero tua sabedoria carinhosa,
Espero Amor inspirado
E alento para este Fado.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Verdade merecida

Esta noite, acolhedora em
Divagantes paradoxais pensamentos
Que me lembram do que já longe fôra
Chuva na minha face sem ressentimentos.
Chovendo lágrimas certas sem alento
Lembrando que à frente jaz o presente
Do momento que me faz frente,
Das esperanças que eu não alimento
Pelo menos é isso que tento...

Esta chuva que me escorre
Desta face que não quero esconder.
Mais! Decerto que não quero sofrer!
Não quero mais lembrar que morre
O bom que há nesta Vida e
O mau com que sempre se lida...

A chuva lava-me a alma nunca perdida
Na Arte que se torna refúgio mensageiro
Deste meu alento, perdido, mas meigo.
Leva-me para longe a tristeza nunca pedida

A chuva caí inevitavelmente na calçada,
Os animais refugiam-se da água
Que teima em cair e lavar a mágoa
Do dia e sua inexorabilidade enfadada

Mas sorri a Lua desta noite escondida!
Trás-me alguma traquilidade
A esta alma que espero não estar perdida.
É esta, por enquanto, a verdade merecida.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sol de Outono

Amanhecer na protecção
Da noite bela que já foi meu lençol,
Sentindo a humidade, esperando o Sol
Que não tarda em aquecer meu coração.
A bela madrugada é interrompida
Por passaros vagabundos na janela
Entreaberta na minha alma despida.
Chamam-me para fora da cela
Que não me prende na imaginação,
Liberta-me para o amanhecer
Solarengo da minha privação:
O sentir, o amar, o sorrir sem esmorecer!

Este esplendor do Sol de Outono
Sobe no céu que outrora era frio,
Tirando-me do abandono,
Estimulando a beleza que eu crio
Neste momento de nenhuma verdade...
Não é nenhuma mentira paradoxal.
Não é esta a arte em que tudo vale.
É sim o cantar de alguma felicidade!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Roubo?

Entrego o meu coração
A uma vitrine viva, o corpo meu
Exibo o bom que há mim e o já se deu
De gentil mão em carinhosa mão,
Sentimentos que o coração sempre cedeu.

Encontra-se, de todos, à vista,
Escondido de quem não o quer ver
Risse de quem quer compadecer
E chora por quem é humanista.

É o meu coração!
Quem lhe vem por a mão?
É bom ladrão! Pois rouba valor
Que não vale nada a simples ladrão!
Não há cristais, tesouros... só amor
E vontade de estar com outro bom coração...

Entregar simplesmente o coração
Sem este ser roubado,
É dizer que não é diferente da calçada do chão,
E que nunca poderá ser amado e cuidado.

Por isso insisto! Roubem corações!
Eles querem ser roubados!
Um dia à felicidade são levados
Com hinos de embalar e respectivas canções!

O Mundo pode amanha acabar...
Não desperdicem oportunidades
Para roubar ou deixarem-se furtar!
Esperam-nos bons momentos envoltos em doce "amar!"
Boas alturas para não ligar a idades!
Simplesmente deixem-se amar!
Deixem-se roubar!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Gotas na minha janela

Esta chuva que bate na Janela,
Trás a Saudade do País amado.
Sabes o que cá ficou?
É sentimento alado
Que ternamente te diz:
"Junto a ti, sempre estou!"

O céu ilumina-se na pesada noite
Os relâmpagos sao nas nuvens rosadas
Um duro e constante açoite
Tornando as gotas iluminadas
Que na Janela, depressa morrem.

A doce Saudade encharca-se de sentimento
Tornando um paradoxo este momento
O teu coração bate mais forte,
Assim como esta gota, qual lágrima
Que na Janela encontrou sua sorte.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Máscaras

São protecção imaginada,
Pedaços de sentimentos imitados
Roubados ao que se preferia
Ser, sentir ou ver ao longo da estrada...

Um mendigo, com isto, já se ria!
Rir-se-ia da inquestionabilidade
Do que se sente na realidade
E não se pode esconder...
Está-nos marcado na cara...

Máscaras Venezianas usadas,
Já vistas, já inventadas!
Fazem juz ao Nome que se esconde,
Àquilo que se quer bem longe!

Tirar a máscara eventualmente?
Mostrar-nos verdadeiramente!
Expor tudo o que se sente! Pois em nós
Ainda há a face que nunca mente!

Será melhor? Será perder?
Nunca se saberá, até um de nós
Esse genuíno crime cometer!...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Beijos de Fado

Beijos com sons de fado chorado,
Que entorpecem a noite fresca de Lisboa.
Beijos cor de Lua,
Que se desvanecem nas ruas
Onde o Fado ressoa.

Linda é a noite que envia estes beijos!
Pois é ela que conhece todos os meus desejos!
Lindo é o Fado que alcanço
Como festas a tigre manso!

Beijos de Fado levado
Por cores da cidade
Com beijos de cúmplice amado
Tentando encarar a verdade

O Fado beija-me a testa
Dá-me estalo na face
Diz-me tudo o que me resta, mas
A verdade quer ele que eu abraçe...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Voltas

Vida revoltante de façanhas
Agradáveis! Quantas voltas dás?
Já vi muito das tuas manhas
Remexidas com o passado
De um longo poema alado!
É tudo isto que se sente e se faz?

És tu Vida que me cantas
O Fado que foge dos dedos,
Aproximando os meus medos?
Ai és tu que me encantas!
És tu, Vida, que me levantas
O céu desta bela cidade,
Tão grande e solitária,
Cheia de gente vária...
És tu que me canta a dura verdade!

Volta que a mim me deste,
Voltaste a trazer-me um girassol,
Mostraste-me um novo farol
A volta foi esta que quiseste...

Resta-me estoicamente sorrir,
Este caminho não será diferente
Do destino que jaz à minha frente!
Fecho os olhos e deixo-me seguir...

Sigo a volta que me trouxeste
Dizendo "sim" também cantando
O Amor ou um longo pranto
Pois vou aceitar mais este teste!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Fotografia!

Um Momento captado
Escondido do entendimento,
Um simples descrever o sentimento
De cenas do tempo apressado!

Um sorriso, uma carícia congelada
No tempo fugaz que nos aprisiona
Na inevitabilidade do futuro.
Fotografias! Nada mais nos impressiona!

Felicidade, realidade,
Tristeza, infefabilidade passada!
São risos de crianças da cidade!
Tão verdadeiras correndo pela calçada!
São toques inocentes de quem se sente amada!

Preparo a máquina, tiro mais uma fotografia.
Congelo o momento, até mesmo os que não queria...
Sinto a felicidade da Arte conseguida,
Num simples botão da nossa Vida!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Divagantes...

Que é esta chuva da alma
Que me apaga o que tento
Avivar com o sopro do vento
Da vontade de ignorar a saudade
De bons momentos futuros e passados,
De fados cantados na Inefabilidade
Do que se quer eterno?
É puro inferno!...

A leveza que sinto nesta liberdade
Rouba-me a noção de felicidade.
Os objectivos tornam-se esquivos,
Meras imagens estremecidas na incerteza.
São estas cousas que nos mantêm vivos,
Felizes, ou simplesmente na tristeza
De que o Mundo é de quem talvez o não merece

A vontade sempre estremece
Obedecendo à realidade dura.
Quer-se quem não entristece...
Quer-se o que sempre perdura
Na incerteza da liberdade
Nesta feroz e desprezante cidade
Que nos trata com alguma crueldade

Divagantes... Distantes...
Com esperanças de um futuro melhor
Estamos sempre à espera do esplendor...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O que fica...

Escritor convencido de palavras inúteis,
Pinta uma tela de cores apagadas
Outrora notas de músicas amadas,
Trabalhos dedicados de esforços agora fúteis

A caneta vacila nos dedos pintados
De cores na tela sem textura,
Soando a doces melodias, a ternura
De cordas agudas de tons vibrados.

A palavra une-se à imagem
Ao som, ao sabor do vento,
Da alma vagueante, por vezes sem alento...
Lamentos gritantes silenciados à margem.

Estes entretenimentos completam
A noção de falso vazio, o engano
Da mente, dos outros que nos inquietam.
Mas neste Teatro ainda não caiu pano:

Muitas mais imagens, palavras
Sonoridades lentas, sentimentos
Traduzindo momentos em cores pintadas
Na tela eternamente tocada pela Vida.

A Obra é apenas o que fica.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Vagabundo

Deambulo por montes
E terras ignoradas
De quentes e salubres fontes.
Sou ignorado nas calçadas
Como outro turista qualquer.


Tento não olhar ou entender
A dificil situação de que tento sair...
Não sei se deixando o meu coração abrir
Ou simplesmente esquecendo o sofrer.


Torna-se fardo que deambula comigo!
Livrar-me dele eu sei que consigo...
Só o tempo, a paisagem, o aroma do ar,
Me ajuda neste meu "vagabundear".


Sou Vagabundo em toda a terra
Grito o Amor próprio a toda a gente!
Quero negar o falso que me rodeia e mente!
Quero ser encontrado por quem não me nega!

A solidão espreita a cada canto,
Esperando levar a minha alma
Assim que a noite cai com seu negro manto.
"Tenho de manter a calma!"
Digo eu próprio para não me perder.
Só me resta a fúria de escrever!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Escrevendo...

"A escrita tornou-se psicose"...
As palavras, as linhas,
Como prelúdios de apoptose
De conflitos... As rimas
Entreteem olhos e corações
De quem escreve, lê e sente.
Falam do que não é claro,
Do verosímil! São de quem mente
Com verdades, faladas em canções
Imaginadas de Amor raro...

Amor à arte, Amor à escrita,
Amor ao filme, à fita
De histórias vividas
E de outras que se querem sentidas!
A necessidade ultrapassa a recusa
De nada mostrar aos demais...
É mais uma série de perguntas à musa
Enviando mensagens na ponta do cais!

Vida à meia-praia

O Sol quente recebe-me convidando
À meia-praia com o mar saboreando
A areia que se envolve nos meus pés
Fazendo ternuras salgadas de cor grés...


Longe d'aqui sinto a brisa esperada
Refrescando a Alma no sentimento.
Já não deve tardar uma nova alvorada...
Serás tu a promessa deste momento?


A Arte que me protege
Esconde o que possa sentir
Nas leis pelas quais o coração
Sempre e inevitavelmente se rege.
De que me vale fugir ou mentir?

Escapar da meia-praia não quero!
A areia atrasa-me no andar,
O coração pede-me para continuar,
Perdendo-me no mar inexorável
E esperando pela Felicidade provável...

sábado, 16 de agosto de 2008

Bússola

Encontro-me perdido...
Tenho bússola, mas onde é o norte?
Não tenho nada que me prenda
Nem sequer a morte.

Sinto-me livre mas constrangido,
Sinto esperanças que me pegam,
Como maldições do tempo já ido...
O norte, o sul, este e oeste não me negam
Os fantasmas do presente.
Resta-me amor próprio sempre crescente
E um respeito por quem ao meu lado está,
Onde quer que esteja e onde quer que eu vá.

Bússola sem mapa é exequível.
Difícil é saber para onde tenho de ir:
Se me deixo levar pelas emoções,
Ou me deixo simplesmente rir
Das minhas atribulações
Nesta Vida volúvel e imprevisível.

Tenho de olhar em frente!
Rir onde choram e lamentam!
Ser forte e indiferente,
Às vicissitudes que no futuro se enfrentam!
A bússola para o norte aponta?
Para onde eu sigo? Isso já é da minha conta!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Indefinição

Olho hoje para o mar.
Tento saborear antigos sabores.
Mas não sabem ao mesmo, não são doces.
O céu, o sol, a lua, a noite, o vaguear...
Sinto que sentimento de indefinição
Agora é geral, não sei de nada,
Nem mesmo para onde me leva a estrada!
Nem acredito que ainda tenha coração...


Aprendi a sentir como se vive
A noção de estar livre
Aprendi a Amar, acarinhar, preocupar,
Saber que o Mundo não ia acabar.
Mas é inevitável!, esta indefinição
Preocupa-me. É legítimo, não?


Tento seguir ideias, alimentar esperanças,
Decerto tudo acabará bem... Mas como?
Como disfarço a amargura que me consome?
Como ver com saudade sem tristeza as lembranças?
Como tirar o aperto, sorrir, esquecer o que me absorve?

Alguém que me diga que é questão
De tempo ido, de pessoas novas conhecidas,
Experiências bem vividas,
Ocupar de novo o coração...
Engane-se!!! Não é!

Eu sei que há cousas piores...
Resta-me não procurar e deixar-me encontrar
Seja para a felicidade voltar de novo
Ou para aprender de novo a amar...

Prisão no Ar

Voa! Abre as asas e voa!
Entrega-te ao sabor do vento
Na cor do dia e à noite no relento.
Nada te prende onde o arrependimento ecoa.

Voa! Leva a liberdade de pássaro contigo!
Prende-te a essa realidade, Entrega-te ao Ar,
Lá onde não existe verbo Amar...
Mas também não há coração ferido... partido...

Quem sou eu para te negar o céu?
Que me prendam também por favor!
No teu tribunal serei criminoso, um réu...
Mas serei preso por tanto te amar também?

Eleva-te no ar meu Amor!
Faz do horizonte teu limite, fronteira,
Que o nosso amor não seja barreira,
Prisão, pudor, ou motivo de dor

Sente o vento na tua face.
Diz-me como é estar preso na liberdade
Junto contigo quero conhecer a verdade
Como se contigo junto voasse!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Volta ao Mundo

Pois o Mundo dá certamente voltas:
“Mar e mar, há ir e voltar!”
Dizem ao ouvido palavras soltas,
Quem te conjuga o verbo “Amar”!

Não amarrotes o que aprendeste
Ou ouviste de quem te ensinou.
Seja professor que se deteste
Ou amigo que sempre te amou…

A capa da saudade será hora de tristeza…
Chorarás na despedida…
Recordarás sem avareza
O soneto a esta terra sentida…

Voltas ao Mundo darás com certeza
Guardando na memória
A chama outrora acesa de
Longas e paginadas Histórias,

Simplesmente a vivência
De momentos estudiosos,
Estudando a Vida além mar
Ou reportando a ciência
Dos amigos zelosos

O Mundo… dará voltas certamente.
Mas “Boa Sorte!” não é expressão
De frequência desejada, eu sei…
Dirte-ei apenas e simplesmente:“Contigo estarei!”

Para a minha prima Filipa! Parabéns! =)

sábado, 3 de maio de 2008

Porta de Entrada

Uma porta nova, aberta,
As chaves na mão, reluzentes,
Um sorriso ao lado e digo: "Sentes?"
Fecho os olhos e absorvo-me na escolha certa,

Sorri eu também sentindo o cheiro a novo
"Que felicidade! Finalmente!"
Dizemos, a medo, estranhamente...
Sei que com isto facilmente me comovo!

Afinal... esforços a dois, compensados,
Sentimos que cada tijolo, cada pormenor
Fomos nós que o fizemos, apaixonados!
...Sentimos a casa como nossa, de cór!

Imaginamos os futuros acontecimentos,
Como um filme, ou uma recordação:
Sons distantes, imagens desvanecidas,
À nossa espera, pela concretização,
Como telas à espera da tinta, puros sentimentos!

Dou-te a mão, com força, sorri mais alto,
Abri os olhos: o vazio nos preenche, reparei.
Não é o nosso espírito incauto...
É sim a Nossa porta aberta! Eu sei!...

sábado, 16 de fevereiro de 2008

O Tempo

O que fazemos na infinitude
Do nosso ser? Comandando
A Vida ao sabor do Tempo rude,
Cruel, que rouba, dissertando
O nosso destino incógnito…?
Evitando que nos ajude
Em surpresas que me deixam atónito?

Sei que é o Tempo que temos
Que nos dá o sabor do momento
Não o quanto queremos,
Mas sim fugaz, outras, lento.

É cada substância temporal,
Um suspiro de sentimentos,
Uma comunhão de momentos,
Como gritos do grande mural
Que é a Vida de duas metades
Unidas no sentir, dos tempos fugidios
Mas bons e afáveis, no entanto morosos
Nos feios maus e dolorosos…

O Tempo torna-se inevitavelmente dúbio
Em alturas de sonho e voos em balão
De beijos que inefavelmente se vão,
Festejando o terno Amor doce,
Desejando que mais no céu fosse
A unidade da dualidade que construímos
No que verdadeiramente sentimos!!!...

Apenas construo textos pensados
Com o que senti no momento.
O tempo impede que sejam fados
Instantâneos! Queria eu no sustento
Do doce gosto da tua presença,
Escrever uma obra extensa!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Metades

Subindo a ladeira da Vida
Com altos e baixos sofridos,
Por vezes com alma ferida…
Sempre a incerteza de tempos idos…

Empurrões salteados e rasteiras
Previstas, sempre caímos em nós
Sem ninguém nas esteiras
Ou ouvintes da nossa voz…

Há quem nos diga o que fazer
Mas não conhecem a vontade de viver
Minha, que preconiza a metade perdida
E faz a alma triste, incompleta e sentida.

Sonho acordado com a metade imaginada
Na minha esperança, completando-me!

Encontrei! Não me quero enganar
Reconheço, enfim, a completa metade!
A ladeira torna-se mais aprazível flutuando no ar,
Evitam-se obstáculos que a alma sabe,
Erguem-se morais de quedas desprezíveis…

Sinto forças de outros mundos,
Desejos verdadeiros de superar
O verbo chorar, sofrer, e isolar.
Vejo sentimentos mudos,
Na acção do verdadeiro Amor,
Afastando o medo, o escuro, e a dor.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Egoísmo

Revolta! Afasto de mim
Os crueis sentimentos de impotência
Que me devassam assim
Sem dó e com dura insistência!

Não consigo! O egoísmo destes actores
Da minha Vida é grande e infame!
Não quero ódio que me inflame
E me destrua as belas cores
Que pintei na tela da minha
Bela e, ocasionalmente, feliz vivência

Tento reagir positivamente na vigência
Da minha consciência pacífica...
Reúno forças para não gritar ou fugir
De gente arrogante e insensível,
Que me inibem de bem sentir
Uma felicidade credível...

Estranhos egos estes que me perseguem
E que gratuitamente me dão aflição!
Egoismos que só o corpo não ferem
E que nada de bom são...

Revolta! Ódio! Surpresa!
Ninguém espera que quem nos ama
Seja capaz de nos colocar na lama,
Precisamente onde a alma se sente presa...

"Não mostrem essa estranheza!"
Digo aos fantasmas de sonhos perdidos
"Já não há verdadeira beleza
Na felicidade de tempos idos..."
"Apenas na que se continua a viver!"
Momentos passageiros estes, é no que quero crer...