Page copy protected against web site content infringement by Copyscape

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Tango cancion


Corpo a corpo suado,
Em ritmo quente dançado
Com a singela coordenação
Da cumplicidade do coração,
Dedos com dedos!
Peito contra peito!
Passos sem segredos
Em trajes a preceito!

Sente-se o som no ar
Rompendo a pele num arrepiar,
De emoções imaginadas
Em duros e repentinos olhares,
Em ríspidos passos certos
No palco, tornando-se belos!
Sentindo o furor da paixão,
Pede o Amor com estalo de mão,
Fugindo às pernas da sensualidade
Como quem prefere brutalidade
No sentir fugaz da proíbida dança...
Ah! Doce e cruel esperança
De quem guia a melodia,
Nos olhos da submissa que se não cansa
Da canção brutal até o raiar do dia!
Tango, Paixão, Furor
Fogo intenso de quem dança a dor!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Movimento perpétuo

Ciclo a ciclo, neste movimento
Eterno ao sabor da Vida, julgou
Ele saber que o sofrimento,
Alegria, e sublimes conceitos que amou
No quotidiano das horas passadas,
Não eram mais que passagens
E estradas que são agora ignoradas
No sentido que leva o tempo em viagens,
personagens e contos de fadas.

Porque a vida é feita de emoções,
Onde aparecem sempre ladrões
Que nos levam o mais precioso
No movimento perpétuo deste Rio, cioso
Do ritmo que marca a cadência
Da Vida! Julgou ele saber que intransigência
É adjectivo daquilo que se vive...
Julgou ele, esta ser a concreta ciência
Da predestinação do que não viveu...
Pensa que viverá o que ainda não morreu

O ciclo eventualmente recomeça
No drama de uma nova peça...
Ele julga que não o é...
"É tudo uma questão de fé!"
Repete consigo, iludindo a austeridade
Do tempo que não espera
Que ele repare na gélida Verdade
Do movimento perpetuado na boca da Fera!

Oh cega estupidez!
Ele julga que a Vida não se repete,
Quando tal é, nos erros que comete!
Dura, insensível e estúpida lucidez...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Silêncio

No silêncio da minha mente,
No silêncio da minha alma,
Procuro a paz inerente
A um imaginado Mundo de calma...

No silêncio das palavras escritas,
Na sensação das frases já ditas
Em silêncio no meu coração
Chamando a necessária razão,
Para arrumar as minhas preocupações
Em local pacífico sem confusões...

Pocuro o silêncio no meu pensamento
Esperando o dia seguinte e inevitável,
Sentindo todo o inesquecível e inefável e
Esquecendo o que nos dói no sentimento...
Paz de espírito... Silêncio...

Escondo-me momentâneamente
Dos olhos a quem não sou indeferente...
Sujeito-me ao silêncio inquietante
Esperançando que não passe de um instante
No que me aflige, corrói e magoa
Tento no silêncio esquecer
O que cá dentro dói e ressoa!

Que me resta, senão no silêncio adormecer
Para amanhã acordar e de novo renascer!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Caverna

"Há luz à saida da caverna"
Dizem-me em tom
De experiência, como lanterna
De alguém que tem um dom.


Julgo saber o abstracto
Do sentido da Vida
Assumindo o facto
De uma vivência merecida.
Apoio-me em filósofos falecidos
E mentes brilhantes,
Ditando-me pensamentos exultantes
De factos sublimes, indefinidos
Na realidade que é minha:
Única, inefável, graciosa,
Sentida, mas que agora definha...

Obstáculos, muros mentais,
Preconceitos e suas mentes muito iguais,
Gente que critica para desmoralizar,
Outras atitudes que deixam muito a desejar...
Tudo isto faz parte do meu Mundo,
Tudo isto me deixa invariavelmente mudo!
Mudo, pois o espanto é demasiado,
Deixam-me malogrado...

Refugio-me numa cova
Esperando uma prova
De que vale a pena sair e enfrentar
A luz que tanto me quer condenar!
A caverna tornou-se gélida
Ao meu coração jovem e ousado,
Deram-me transparência pérfida
Aos olhos de quem é justificado
Pela insensatez de não sentir!
Imposição pela sociedade que evita rir,
Chorar, partilhar...

Pudesse eu mostar esta caverna...
Pudesse eu iluminar as paredes escritas
Aos demais que fecham os olhos na claridade,
Abrindo os olhos à palavra eterna
Que eu busco na dura Verdade
Da Vida... Cousas já sentidas e ditas...
Outras que me restam viver...
Porventura será no dia que sair
Desta caverna, que irei sentir
Nos olhos a Luz que me deixaria realmente ver!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Cidade encantada


Cidade saudosa de muitos corações,
És desejada, amada e odiada...
Cidade em sentimentos conturbada,
Cheia de tantos pessoais serões
À sombra da tua fama de cidade
Poeta, terra de mentira sobre a verdade!
És tu ó cidade que na minh'alma
Tocas como dedos em guitarra chorosa,
Cantando odes e rimas sobre a calma
Que não me dás de mão beijada e copiosa,
Mas depois, dás-me um estalo no corpo sofrido,
Lembrando a tua frieza de Musa amada,
Arrastando-me pela calçada já rendido
Ao orgulho de cidade eternamente desejada!
Tuas Mãos nas minhas,
Teus olhos nos meus...
A tua boca diz doces adivinhas
Que os meus dedos calam por Deus!
És obra dos seus acasos certamente!
Tão perfeita obra de contrastes
Só podia ser a minha Cidade irreverente!
Tua voz canta como rio tremido
Nas tuas noites encantadas
Ao choro dos fadistas, um gemido
De tágides extasiadas!
A tua indiferença magoa-me cá dentro...
Mas a tua beleza deixa-me no firmamento!

Conto de Fadas


A bela Borboleta encontra refúgio
Na vistosa Orquídea negra,
Cujo jocoso e livre subterfúgio
Imagina a felicidade reinventada.
Tornou-se fortaleza de sentimentos
Impedindo a borboleta de voar
Em contos de fadas, sem verbo amar,
Sem verdade merecida de verdadeiros alentos...

Jaz aqui este conto de fadas
Enterrado em palavras ignoradas!
Sente-se o frio da felicidade cínica,
Uma verdadeira alma anímica
Desprovida de emoções,
Entretem de alguns corações...

Tira essa máscara de bela flor!
Mostra quem tu és com dor
Expiando teus pecados
Sem medo de enfrentares teus fados!
... Deixa essa abstracta borboleta
Voar em doce felicidade certa!